Conversa (de) Interna(r)

Thursday, October 26, 2006

UMA MÃO CHEIA

Pode ser machismo, pode ser preconceito do homem, mas não há como negar: ele está certo, ao menos esta vez. Ao se relacionar com uma pessoa, vai inquirir seu passado, ajustar as contas com o corpo dela, sem desmerecer por quantas mãos aquela pele foi tocada. Não é egoísmo, nem possessão. O homem sabe: a mulher que teve poucos relacionamentos será mais liberada, menos frígida, mais fogosa, do que aquela que passou por dúzias de pares.

Pode ver. As mais problemáticas na cama são justamente aquelas que têm dificuldade em manter a relação por mais de seis meses. A mulher que se casou com o primeiro, o segundo ou o terceiro namorado consegue enxergar no corpo dele o dela próprio. Não se entregará por fantasia, por desejo ou simples atração. A aventura é estar ao lado dele, não interessa se ele for virgem ou um veterano sexual. Não medirá esforços em dizer o que sente e o que deseja, o que falta ou o que está exagerado. A conversa acontece sob os lençóis e flui como uma pastilha efervescente. As pernas se encaixam de um modo sedutor, quase mágico, sem necessitar de um manual na guarda da cama, sem um marcador de piano dizendo a hora de trocar a posição e de explodir num gozo.

Estão certos os homens, sim. Triste confirmar.

Escrito por Ana Baggio.

Tuesday, October 10, 2006

take Over. recover From.

Vim escrever aqui, como um dos últimos refúgios, em que eu não tenho nome nem conhecidos.
Aos que poucos me visitam, desconhecidos, sem deixar marcas: Obrigada pela compreensão.
Vim aqui tentar fazer das palavras um espelho.
E refletir toda a dor. Pra que eu a enxergue, e que ela fique aqui, batendo e voltando, ora eu sou eu, ora eu sou tu, ora eu sou eu, ora eu sou tu... e nesse ínterim eu vejo o mim. "Um mim no passado", como diria George Mead, bem lindo, citado na introdução da minha dissertação. Li com carinho. Agora, quero ver se me trato tb com o carinho que tenho com os outros. Porque de grosserias... grosserias não deveriam ser toleradas, né? Carpinejar disse que no sexo a gente deve perder o pudor, e não o respeito. Do amor que não é consequencia da gentileza eu devo tomar distância.
Não quero levar pataços. Não quero errar e ter que aprender pela grosseria. Quero aprender com o sussurro, com a honestidade, com as palavras sinceras, não com o silêncio de ser ignorada. "Tu não é bem-vinda. Tu é burra, chata e eu não te suporto". Duro ouvir isso que o silêncio de ser calada à força te diz. A ignorância é fria, gélida, me castra e me mutila. Pois, pra mim, que valorizo tanto a palavra, a comunicação, não tem dor maior do que um afogamento no vácuo. Eu queria que, se se faz necessário um silêncio, que seja um silêncio estéreo, em que eu possa ouvir a dor. Um suspiro profundo, magoado, ser educado com o suspiro e permanecer suspirando. Que eu consiga perceber se tem eco. Não desejo um homem que me entenda, desejo quando me entende. Ser mal entendida causa dor dos dois lados.

"Apagaram tudo, pintaram o muro de cinza..."



Words in my mouth
Someone told me to say
They go unspoken
My mind gets in the way

I hold my tongue
Save my, save my soul
True to myself
And stay gold

Sometimes you gotta pull the plug
Somewhere a little place to crawl
Love me for who I am
It doesn't have to be this hard
for an ordinary man...

I wanna take cover, take cover
Wake me when it's over...


Mr. Big
Take Cover.

Ela, sempre mais sábia 28 anos à frente, olhou por baixo o que eu tantava esconder hoje cedo.

- Não é cedo demais, minha filha?